Concílio de Trento
Concílio de Trento é o nome de uma reunião de cunho religioso (tecnicamente denominado concílio ecumênico) convocada pelo papa Paulo III em 1546 na cidade de Trento, na área do Tirol italiano. Com o surgimento e conseqüente
expansão do protestantismo profundas
modificações atingiram a Igreja Católica. Uma reação a tal expansão,
vulgarmente denominada “Contra-Reforma” foi guiada pelos papas Paulo III, Júlio III,
Paulo IV, Pio V, Gregório XIII e Sisto V, buscando combater a expansão da Reforma Protestante. Além da reorganização de várias
comunidades religiosas já existentes, outras foram criadas, dentre as quais a
Companhia de Jesus ou Ordem dos Jesuítas, tendo como fundador Santo Inácio de Loyola.
O Concílio
tinha como objetivo estreitar a união da Igreja e reprimir os abusos. Em tal
concílio, os teólogos mais famosos da época elaboraram os decretos, que depois foram
discutidos pelos bispos em sessões privadas. Interrompido diversas vezes, o
concílio durou 18 anos e seu trabalho foi concluído somente em 1562, tendo
realizado 25 sessões plenárias em três períodos diferentes (1545 a 1547; 1551 a
1552; 1562 a 1563), quando afinal suas sessões foram solenemente promulgadas em
sessão pública.
Todo o corpo
das doutrinas católicas foi discutido à luz das críticas da doutrina
protestante. O concílio condenou a doutrina protestante da justificação pela
fé, proibiu a intervenção dos príncipes nos negócios eclesiásticos e a
acumulação de benefícios; também definiu o pecado original e declarou, como
texto bíblico autêntico a tradução de São Jerônimo denominada “vulgata” (popular, ou de uso popular, em latim). Os sete sacramentos
foram mantidos, assim como o celibato clerical, indissolubilidade do
matrimônio, o culto dos santos e relíquias, a doutrina do purgatório e as indulgências, recomendando a criação de escolas para a preparação
dos que quisessem ingressar no clero, denominando-as seminários.
Ao contrário
dos concílios anteriores, foi estabelecida neste a supremacia dos papas, tendo
o papa Pio IV que ratificar suas decisões.
As primeiras
nações a aceitarem incondicionalmente as resoluções do concílio foram Portugal,
Espanha, Polônia e os estados italianos. A França, dividida pelas lutas entre
católicos e protestantes demorou mais de meio século para aceitar oficialmente
as normas e dogmas estatuídos pelo concílio, sendo mesmo o último estado
europeu a fazê-lo.
Na altura da
promulgação das decisões do Concílio de Trento, as idéias protestantes já
haviam se espalhado por toda a Europa Ocidental e Setentrional, e o propósito do concílio tridentino, de reafirmar as doutrinas
tradicionais e reorganizar o predomínio católico foram seguidas de reações
distintas: uma na área teológica e outra na área vivencial. Um dos papas teria
confessado que Deus permitiu a revolta protestante por causa dos pecados dos
homens, “especialmente dos sacerdotes e prelados”. A cristandade a partir daí
permaneceria definitivamente dividida entre católicos e protestantes, sem
mencionar a divisão anterior, ocorrida em 1054 entre Igreja Cristã e Igreja
Ortodoxa Grega.

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