O Comportamento das Mulheres Judias
Com seu
comportamento, suas roupas e sua conversa, uma moça produz sobre um rapaz um
efeito que ela por vezes é incapaz de avaliar e apreciar. Comportando-se de
maneira refinada, reservada, conforme manda a Torá, ela preserva sua dignidade
e o respeito próprio, não comprometendo a si mesmo e nem as qualidades que
farão dela uma boa esposa e mãe. Por outro lado, se levianamente ostenta e
exibe seu corpo, desperta sentimentos no sexo oposto que podem, a longo prazo,
ser muito prejudiciais para si mesma. Algumas mulheres degradam-se usando sua
aparência, sensualidade e disponibilidade como moeda para a obtenção de
"encontros desejáveis". Com freqüência, isto lhes proporciona uma
falsa popularidade, que só poderá ser mantida aceitando outros compromissos.
Um judeu ou uma
judia devem sempre ter cuidado de evitar qualquer conduta ou vestimenta capaz
de despertar o desejo sexual de uma pessoa do sexo oposto. Nada permanece
inocente por muito tempo nos relacionamentos entre homem e mulher. Raramente
uma jovem fisicamente amadurecida deixará de excitar um rapaz, a não ser que
tome o cuidado de agir de modo recatado. Minha intenção não é de justificar o
homem por comportamentos inadequados ou de lançar toda a culpa na mulher; porém,
ainda existem diferenças básicas.
É interessante
notar que essa observação não é exclusiva da Torá. Em um artigo do
Reader'sDigest, escrito por Sugarman e Hochstein, a diferença entre as reações
de homens e mulheres jovens aos estímulos sexuais foi expressa nos seguintes
termos:
Existe uma grande
diferença biológica e emocional entre rapazes e moças adolescentes. O desejo
sexual chega aos rapazes em um grande surto de emoção - um desejo específico,
imediato, bem distante das emoções profundas de amor e ternura. Embora algumas
moças separem o amor da atração física, para a maioria delas os desejos sexuais
estão intimamente ligados a sentimento de amor romântico. Diferentemente dos
homens, os impulsos sexuais e o coração de uma jovem funcionam juntos figurativamente.
Os rapazes, portanto, são mais propensos do que as moças a encarar o sexo como
algo casual, mas eles também são mais insistentes no momento do encontro
sexual. A não ser que entenda essa psicologia, uma moça ficará confusa quando
um rapaz lhe fizer propostas. Isso não significa que ele a ame.
Assim sendo, não é
uma ofensa se um rapaz "fizer propostas amorosas" para você; de certa
maneira, isto faz parte da natureza dele. Por outro lado, também não é uma
ofensa para ele se você se recusar. Suas próprias emoções, mais lentas e mais
duradouras, são uma proteção contra as conseqüências de ceder à insistência
dele - conseqüências que são muito mais sérias para uma mulher do que para um
homem.
Embora não
descreva o comportamento das jovens comprometidas com o judaísmo, essa análise
contém elementos que servem como advertência para elas se tornarem mais
conscientes de que a maneira como se vestem, se comportam e conversam pode
afetar os jovens á sua volta. Embora alguns rapazes considerem, infelizmente,
esse tipo de conduta como parte do "jogo", para uma jovem sua conduta
é, e sempre deverá ser "um negócio sério". Muitas vezes, ela
envolve-se em sérias dificuldades porque, de alguma maneira, "pediu
isso" ao se comportar repetidamente de modo pouco adequado à sua condição
de filha de Israel.
Nada disse é
desculpa para o excesso ou para a falta de contenção dos homens. Qualquer um
que viole as leis da sociedade ou a Torá é considerado culpado e deve pagar por
suas ações. A intenção da Torá é ajudar os homens e mulheres a se acostumarem á
uma vida de disciplina e contenção.
Deve-se ressaltar
que a Tsniut não se refere apenas ao comportamento e a vestimenta, mas também á
linguagem e às conversas.
Nossos sábios do
Talmud (TalmudShabat 33) nos dizem que "todos sabem por que a noiva entra
na câmara nupcial". No entanto, eles condenam violentamente qualquer um
que fale desse relacionamento em termos vulgares. Por quê? A frase introdutória
da passagem Talmúdica explica: "Todos sabem por quê...".
Para um Judeu comprometido
com a Torá, o romance e o relacionamento sexual nunca são vulgares ou
pecaminosos - mas falar sobre eles em termos vulgares ou grosseiros não tem vez
na conduta de homens ou mulheres religiosos.
O verdadeiro
significado da palavra Tsniut - diferentemente traduzida como
"privacidade", "encobrimento" ou "recato" -
remete a uma atitude que abomina a paixão moderna pela exposição pública do
mistério e privacidade de um relacionamento intensamente pessoal. E se a
atitude se aplica ao próprio relacionamento, com muito mais força o será às
conversas em público.
Se o autor cuidou
em mostrar que os jovens não são menos responsáveis que as jovens por se
comportarem de forma recatada, moderada e reservada nos relacionamentos entre
homens e mulheres, sejam casuais ou intensamente pessoais, então porque o termo
Tsniut, com tudo que implica, é em geral associado à conduta feminina e quase
nunca à masculina? Porque são as mulheres consideradas muito mais responsáveis
do que os homens no campo da Tsniut, do recato nas roupas e no comportamento?
Há várias
explicações para isso. Primeiro, a mulher tem muito mais a perder. Para ela, as
conseqüências do comportamento audacioso, impulsivo ou impensado podem, da
noite para o dia, alterar todo o curso de sua vida. Enquanto um homem pode
facilmente se levantar e desistir de um caso amoroso, uma mulher pode carregar
pelo resto da vida as conseqüências físicas, sociais ou psicológicas daquele
relacionamento efêmero.
Uma explicação vem do Midrash (BereshitRabá 18:2), que sugere que um aspecto especial da natureza feminina é sua capacidade de tomar uma faceta da personalidade humana e desenvolvê-la ao máximo. Esta faceta, segundo o Midrash, é a capacidade para a Tsniut.
Uma explicação vem do Midrash (BereshitRabá 18:2), que sugere que um aspecto especial da natureza feminina é sua capacidade de tomar uma faceta da personalidade humana e desenvolvê-la ao máximo. Esta faceta, segundo o Midrash, é a capacidade para a Tsniut.
O Rabi
MosheMeiselman, em seu artigo "WomenandJudaism" [As Mulheres e o
Judaísmo] (Tradition, outono de 1975), oferece um terceiro conjunto de
explicações. Ele diz o seguinte:
O termo Tzena é
mencionado duas vezes na Bíblia, uma vez como já vimos no verso "Aquele
que labuta exaustivamente em particular na sabedoria da Torá alcançará a
Sabedoria" (Provérbios 11:2). E, pela segunda vez, no verso de Micha:
"Ele disse a ti, homem, o que é bom e o que O Criador exige de ti, nada a
mais do que fazer justiça, amar a delicadeza e andar secretamente com teu D-us"
(Micha 6:8). Quando serve à D-us, uma pessoa deve concentrar-se nas dimensões
internas de sua personalidade. Tsniut é a dimensão interna de nosso esforço,
que é a essência do ato judaico heróico. A mulher recebeu a incumbência de
desenvolver esse traço da personalidade até seu grau mais elevado. Assim, a
mulher foi criada de uma parte do corpo que é pessoal em dois sentidos -
primeiro, por estar em geral coberta; segundo, por estar localizada sob a pele.
Porém o fato de
estar oculta para a visão pública não implica inferioridade. Está escrito no
Gênesis que quando os anjos visitaram Abraão e lhe perguntaram onde estava Sara
sua esposa, Abraão respondeu: "Na tenda" (Gênesis 18:9). Sobre isso,
Rashi cita o comentário dos Rabinos: "Sara era uma pessoa reservada".
Contudo, em um nível espiritual, consideramos que Sara tenha atingido uma
estatura superior à de Abraão: "Em tudo o que Sara te diz, ouça a sua
voz" (Gênesis 21:12), ao que Rashi comenta: "Isso nos ensina que Sara
era superior à Abraão em profecias". Embora, na vida que compartilharam,
Abraão tenha assumido o papel público, isso não significava absolutamente nada
sobre a importância pessoal ou a grandeza espiritual. Pois o Herói Judeu é o
herói do palco interno, não do palco externo.
*Extraído do
Livro:
Alternativas
Judaicas no Amor, Namoro e Casamento; do Rabino Pinchas Stolper
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