O DOMÍNIO DA IGREJA NA IDADE MÉDIA
No ano de 476 o Império Romano do Ocidente foi
invadido pelas tribos bárbaras e destruído. Esse evento marca o início da Idade
Média, e também uma época onde a Igreja Católica influenciaria e dominaria toda
a sociedade européia. Com o fim do Império Romano, a Igreja era a única
instituição organizada nos novos reinos que estavam se formando na Europa
Ocidental. Com os ensinamentos da Igreja, a nova civilização se preocupava
muito com a religião e a salvação de suas almas.
O trabalho dos monges junto aos povos bárbaros foi
de grande importância não só espiritual, mas também culturalmente, pois muito
dos costumes romanos foram incorporados por esses povos. A Igreja era a
detentora do saber, os livros pertenciam ao clero e ficavam
confinados nas bibliotecas das igrejas, com uso exclusivo de seus membros.
O ensino era voltado principalmente às doutrinas da religião
católica.
Mas o poder da Igreja não se limitava a religião.
Por ser uma época onde predominava o feudalismo, onde a terra era o maior bem
que se possuía, a Igreja era a detentora de grande parte das terras,
que eram doadas por aqueles que queriam ser libertos da condenação divina, por
isso, a Igreja sem dúvida era a instituição mais poderosa e respeitada na Idade
Média. Seu poder se confundia com o poder dos reis, uma vez que ela tinha o
domínio político, econômico e cultural. Mas a convivência desses nem
sempre foi pacífica, os atritos eram freqüentes.
Os reis respeitavam o poder da Igreja, e essa por
sua vez, dependia deles para sua proteção. Os casos mais famosos são o do
rei Henrique IV do Sacro Império Romano, que foi excomungado pelo Papa Gregório
VII e passou três dias na neve suplicando ao Papa para anular a sentença.
Também é conhecida a história do Rei Henrique VIII da Inglaterra, que após não
ter tido autorização do Papa para se separar e casar novamente rompeu com a
Igreja Católica e criou a Igreja Anglicana se auto proclamando a autoridade
máxima da mesma.
Somente à Igreja cabia a interpretação das
escrituras, e quem ousasse pensar de forma diferente, seria considerado herege
e estava sujeito a várias punições, que
incluíam torturas psicológicas, físicas e muitas vezes a morte,
que era um alívio para essas pessoas castigadas. Mas, ainda que
muitos dentro da Igreja tivessem boas intenções, a história dessa
instituição está manchada de sangue. Ela que começou sendo perseguida,
passava a ser perseguidora no auge de seu poder.
A Igreja foi responsável pelo início das Cruzadas
em 1096. Foram nove cruzadas que deixaram como saldo milhares de mortos e um
aumento de hostilidade entre cristãos e muçulmanos. No ano de 1184 o Papa Lucio
III no Concílio de Verona, ordenou que os bispos realizassem inquisições para
localizar os que eram considerados hereges. Os condenados seriam punidos com
penas canônicas pela Igreja, e entregues as autoridades seculares. Esse foi o
embrião da Inquisição, onde a Igreja mostrou sua intolerância e autoridade a
custa de sangue inocente.
As mulheres eram invariavelmente alvo de
perseguições da Igreja, e muitas vezes por atitudes cotidianas. Por exemplo, se
alguém estivesse doente, e uma mulher fizesse um chá de ervas para tratar dessa
doença, ou se uma senhora fizesse um bolo e o leite coalhasse, eram
sinais claros de “bruxaria”. Para uma pessoa ser considerada herege não era
necessário prova. Uma acusação anônima bastava para que a pessoa fosse
considerada culpada, e ela tinha que provar sua inocência. Muitos comerciantes
acusam outros para se livrar da concorrência. Assim também fazia uma pessoa
quando tinha algum problema com a outra. O medo era tão grande que as pessoas
acusavam outras somente para não serem acusadas primeiro. Foram criados vários
instrumentos de tortura para que os “hereges” confessassem.
A Igreja que antes mostrava sua autoridade através
da religião fazia agora através da força. Foi criado o Tribunal do Santo Ofício
para cuidar da inquisição. Esse órgão da Igreja Católica mudou de nome através
dos anos, já se chamou Sacra Congregação da Inquisição Universal, Sacra
Congregação da Romana e Universal Inquisição, e hoje se chama Congregação para
a Doutrina da Fé. Até o ano de 2005 o responsável por esse órgão era o cardeal
Joseph Alois Ratzinger, outrora o Papa Bento XI. Apesar de o órgão existir
atualmente, o domínio da Igreja Católica acabou enfraquecendo no decorrer
do tempo.
No ano de 1798 durante a Revolução Francesa, o
general de Napoleão, Louis Alexandre Berthier prende o Papa Pio VI e o leva cativo
para a França, onde ele morre. Com a queda da monarquia na Revolução
Francesa, automaticamente o poder da Igreja também se restringiu, pois ela
já não podia contar mais com esse apoio. Os seus bens também foram
confiscados. Terminava assim o domínio da Igreja Católica.
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