O Estudo de Torá - A Base da Vida Judaica
O povo judeu há muito tempo é chamado
de “O Povo do Livro”. De fato, uma das características que identificam o
Judaísmo é que os judeus de todos os tempos e de todas as classes sociais se
dedicam ao estudo de Torá com profundidade e entusiasmo, sem motivos financeiros
ou acadêmicos dissimulados. Esta dedicação ao estudo provavelmente nunca foi
encontrada em nenhuma outra sociedade. Uma vez que a Torá é o plano do mundo, o
seu estudo é a base de toda a vida judaica.
- Por que o estudo de Torá é considerado essencial para a vida judaica?
- O que nós esperamos conseguir através do estudo de Torá?
- Que o efeito que o estudo de Torá pode ter sobre a minha personalidade?
- E se eu sentir que eu não nasci para estudar Torá ou o seu estudo for muito difícil para mim?
- Por que a Torá enfatiza muito o mandamento de estudar incessantemente sem nunca “se formar”?
Participando da
Criação do Universo
Quando Deus criou o mundo, Ele olhou
para a Torá e a usou como o plano da criação do universo. Todo o propósito da
Criação é o estudo de Torá. Isto é o que sustenta o mundo. Quando nós estudamos
Torá e trabalhamos para nos aperfeiçoarmos, nós nos tornamos parceiros de Deus
na Criação. A Torá que nós estudamos infunde no mundo santidade, nos ajuda a
tomar decisões morais e éticas de forma cuidadosa e é a nossa fonte essencial
de sabedoria.
A Torá Como o Plano do
Universo
Deus criou este mundo com um plano
específico para a elevação espiritual. Este plano está incluído na Torá.
Portanto, cada detalhe na Criação corresponde e é análogo a algo na Torá.
1. Rashi, Mishlei (Provérbios) 9:1 – Deus usou a Sua sabedoria para criar o
mundo.
“A sabedoria
construiu a sua casa” – Deus criou o mundo usando sabedoria.
2. Mishlei Rabati,
cap. 9 – A “sabedoria” mencionada neste versículo é especificamente a sabedoria
da Torá.
“A sabedoria
construiu a sua casa” – isto é uma referência a Torá, [com] a qual [Ele] criou
todo o universo.
3. Zohar, Trumá 161a – Deus olhou para a Torá e criou o
mundo de acordo com ela.
Quando Deus criou o universo, Ele
olhou para a Torá e o criou [baseado no que estava escrito nela]. Foi através
da Torá que o mundo foi criado.
O Papel do Estudo de Torá no
Processo Contínuo de Criação
Nós vimos que a Torá é o plano do
mundo. Como isto é relevante para nós agora que o mundo já foi criado?
1. Rabino Chaim Volozhin, Nefesh HaChaim 4:11 – Já que a Torá é o plano e a
origem deste mundo, a dedicação constante em Torá é necessária para o mundo
continuar existindo.
Portanto, a fonte
principal de vida, luz e existência de todos os mundos é a dedicação do povo
judeu ao estudo de Torá.
2. Ib. – Ao estudar Torá, a pessoa se torna parceira de Deus na criação do
mundo.
E, por este motivo,
os Sábios ensinam que quem estuda Torá sem segundas intenções é considerado um
“companheiro”. O significado disto é que ele é um parceiro, um companheiro de
Deus, por assim dizer, facilitando a continuidade do mundo através do estudo de
Torá [ou seja, assim como Deus criou e mantém o mundo através da Torá, da mesma
forma, faz a pessoa que estuda Torá].
A Torá Traz
Santidade ao Mundo
1. Talmud Bavli (Talmud Babilônico), Brachot 6a – Quem estuda Torá traz a
Presença de Deus para o mundo.
De onde nós
sabemos que a Shechiná (Presença Divina) se encontra inclusive com uma
pessoa que se senta e estuda Torá? Porque o versículo diz: “Aonder quer que eu
permita que o Meu nome seja mencionado, eu irei até ti e te abençoarei” (Shemot/Êxodo
20:21). Quando nós vemos uma mesa, embora
ela pareça ser estática, na verdade, ela é composta de milhões de moléculas
microscópicas se movendo em grande velocidade. Por trás da vida, há muito mais
do que nós podemos ver! Isto não se aplica somente ao mundo físico, mas também ao
âmbito espiritual – existem muitos “mundos” de espiritualidade. O estudo de
Torá traz santidade e benção tanto para o mundo físico, quanto para o
espiritual.
2. Rabino Chaim
Volozhin, Nefesh HaChaim 4:11 – O estudo de Torá traz santidade e benção para o
mundo.
A benção que nós
dizemos [depois de ler a Torá] é “[Deus] implantou vida eterna dentro de nós”,
como uma planta que é plantada com a intenção de dar frutos e, desta forma,
trazer bondade ao mundo. Da mesma forma, se nós sustentarmos a Torá com toda a
nossa força, como é necessário, nós traremos abundância de santidade, benção e
luz [espiritual] para todos os mundos.
3. Ib. 4:30 – A Torá traz santidade eterna
para o mundo.
Qualquer lugar que a Torá ilumina
com a sua luz e santidade inclusive só uma vez, será eterna e constantemente
sagrado.
Ética de Torá: Um Guia de Moralidade para o Mundo
O desenvolvimento ético do mundo foi extremamente
influenciado pelo povo judeu, cuja ética e valores são extraídos diretamente da
Torá.
1. Paul Johnson, A
History Of The Jews (Uma História dos Judeus), p. 585 – A influência da Torá na
humanidade.
Certamente, o mundo sem os judeus
seria completamente diferente. A humanidade poderia, ao final, se deparar com
todas as ideias judaicas. Mas nós não podemos ter certeza. Todas as
grandes descobertas conceituais do intelecto humano parecem ser óbvias e
inevitáveis uma vez que elas foram reveladas, mas é necessário uma genialidade
especial para formulá-las pela primeira vez. Os judeus tinham este talento. A
eles, nós devemos as ideias de:
- Igualdade diante da lei – tanto divina, quanto humana;
- A santidade da vida e a dignidade do ser humano;
- A consciência individual e de redenção pessoal;
- A consciência coletiva e de responsabilidade social;
- Paz como um ideal abstrato e
- Amor como a base da justiça e muitas outras ideias que constituem os componentes morais básicos da mente humana. Sem os judeus, o mundo poderia ser um lugar muito mais vazio.
Vamos destacar as fontes de alguns dos
conceitos mencionados acima:
a. Vaikrá (Levítico) 19:15 – A ideia de igualdade diante da lei,
tanto divina, quanto humana.
Não cometa
injustiça no julgamento… Não favoreça um homem rico. Com justiça, julgue o
teu companheiro.
b. Bereshit (Gênese) 9:6 – A santidade da vida.
Quem derrama
sangue de um homem, pelo homem o seu sangue será derramado, pois na Imagem de
Deus, [Ele] criou o homem.
c. Devarim
(Deuteronômio) 15:7 – Consciência coletiva e responsabilidade social.
Não endureça o teu
coração e não feche a tua mão para o teu irmão pobre
d. Rambam
(Maimônides), Fim de Hilchot Chanukah – Paz como um ideal.
Quão grande é a paz! Toda a Torá foi
dada para trazer paz ao mundo.
O
impacto do povo judeu na sociedade, baseado na ética da Torá, é conhecido mesmo
pelos chefes de estado:
2. John Adams, 2°
Presidente dos Estados Unidos, citado em “What Did They Think Of The Jews?” (“O Que Eles Achavam Sobre os Judeus?”) por Allan Gould – A contribuição
dos judeus para a civilização.
Eu insisto que os Hebreus contribuíram mais para
civilizar do que qualquer outra nação… O destino determinou que os judeus
seriam o instrumento essencial para civilizar as nações.
Embora John Adams
tenha argumentado que a contribuição dos judeus para a civilização se deva ao
“destino”, nós sabemos que isto não é uma casualidade. A nossa moralidade e
contribuição para o mundo neste aspecto são baseadas na sabedoria Divina.
3. Houston Smith, The Religions Of Man (As Religiões do Homem), p. 258 – Os
judeus introduziram Deus ao mundo, um Deus Divino e moral, Que se importa com
as suas criações.
É aqui que nós chegamos ao
triunfo máximo do pensamento judaico. Não no seu monoteísmo propriamente dito,
mas no caráter que ele atribuiu ao Deus que ele descobriu ser Único. Os gregos,
os romanos, os sírios e a maior parte dos povos mediterrâneos afirmaram duas
coisas sobre o caráter dos seus deuses. Em primeiro lugar, os deuses tendem a
ser amorais. Em segundo lugar, em relação ao homem, eles são predominantemente
indiferentes. Os judeus mudaram o pensamento dos seus contemporâneos em ambos
os pontos. Enquanto os deuses do Olimpo incessantemente procuram mulheres
bonitas, o Deus do Sinai protege viúvas e órfãos. Enquanto o Anu da Mesopotâmia
e o El de Banan estavam distantes, Deus está no Sinai, tirando o seu povo da
escravidão, procurando os seus exílios solitários, melancólicos na Babilônia.
Deus é um Deus da virtude, Cuja bondade é eterna e Cuja misericórdia está sobre
todas as Suas Criações.
A Torá Contém Toda a Sabedoria do Mundo
O estudo de Torá não refuta outras
áreas de conhecimento. Pelo contrário, muitas outras áreas de sabedoria são
encontradas na Torá. Ela contém sabedoria de tudo que existe no universo.
Consequentemente, quem domina toda a Torá compreende muitas outras áreas de
conhecimento.
1. Pirkei Avot
(Ética dos Nossos Pais) 5:22 – A Torá contém toda a sabedoria.
Aprofunde-se mais e mais [na Torá],
pois tudo está nela.
2. Maharal, Derech
HaChaim, ib. – Toda a sabedoria do mundo está concentrada na Torá
porque Deus criou o mundo olhando a Torá.
Isto precisa de
uma explicação: o que significa “pois há tudo nela”. Como ela [a Torá] contém
tudo? Esta [ideia] está aludida no Midrash: “Deus olhou para a Torá e criou o
mundo” (Bereshit Rabá, cap. 1)… Deus criou o mundo de acordo com a ordem da
Torá, de forma que tudo o que acontece no mundo segue a ordem da Torá… Este é o
significado [do Midrash] que Deus olhou para a Torá e criou o mundo, pois a
ordem do mundo segue a ordem da Torá. Este é o significado [da Mishná]:
“Aprofunde-se na Torá, pois há tudo nela,” ou seja, quando a pessoa se
aprofunda nos significados profundos da Torá, ela pode chegar a entender todo o
universo, já que tudo que ocorre no universo é oriundo da Torá, ou seja, tudo
vem da Torá, que é o manifesto para o homem.
3. Rabino Dr. Akiva Tatz, Anatomy of a Search (Anatomia de uma Busca), p. 38-39
– O estudo de Torá permeia também outras áreas.
Quem estuda Torá por ela mesma, sem
nenhum interesse pessoal, tem o mérito de ter sabedoria em “muitas coisas”. À
parte do intelecto e do caráter, um estudo profundo de Torá propicia sabedoria
sobre a réplica da Torá, que é o universo. Que tipo de sabedoria? Eu trarei
somente de um exemplo, da área médica, embora eu pessoalmente tenha vivenciado
maravilhas em várias ocasiões enquanto eu trabalhava na área médica em contato
com gedolei Torá. O grande Chazon Ish se tornou famoso
pelo seu conhecimento em assuntos médicos, embora ele não tivesse nenhuma
educação médica formal. Em um caso muito conhecido, uma mãe levou o seu filho
ao Chazon Ish porque ele foi diagnosticado com um tumor fatal no cérebro. Eles
decidiram operar, embora a tentativa fosse perigosa porque um acesso seguro ao
tumor pareceria ser praticamente impossível. O Chazon Ish deu ao menino uma brachá,
disse à mãe que tudo correria bem e deu a ela uma figura que ele desenhou para
o neurocirurgião em questão. A figura indicava uma abordagem cirúrgica e
técnica da operação. A maioria dos médicos não gostariam que lhe dissessem o
que fazer, especialmente cirurgiões, e especialmente por rabinos, mas a mãe fez
como o Chazon Ish lhe disse e apresentou a figura. O neurocirurgião olhou a
figura e imediatamente admitiu que esta representava a única possibilidade de
uma cirurgia bem-sucedida. O tumor foi removido e o menino se recuperou.
Posteriormente, o cirurgião fez o seguinte comentário a um amigo de um dos meus
professores: “Que o Chazon Ish sabe mais Torá do que eu, eu entendo. Mas
como ele sabe mais neurocirurgia do que eu?”
A Torá também oferece um modelo ético para
não judeus: os sete mandamentos de Noach. Eles são identificados em Sanhedrin
56a como: (1) estabelecer um sistema judicial e as seguintes proibições: (2)
amaldiçoar Deus, (3) idolatria, (4) relacionamentos sexuais proibidos, (5)
assassinato e suicídio, (6) roubo e (7) comer um membro cortado de um animal
vivo.
- Deus olhou para a Torá e a usou como um plano para a criação do mundo. Ele criou o mundo com um plano específico para a sua elevação. Este plano é colocado na prática quando os seres humanos se empenham no estudo de Torá e se esforçam para aplicá-lo. Ao trazer o mundo ao seu objetivo (ou seja, através do estudo de Torá), as pessoas se tornam parceiros de Deus na Criação.
- Estudar Torá é o que traz santidade ao mundo. Deus reside em lugares onde há o estudo de Torá.
A
Torá é o código ético da lei, que por várias gerações serviu como um guia de
moralidade em um mundo cheio de desafios. Embora, à primeira vista, parece que
outras infraestruturas estão sustentando o mundo (comércio, tecnologia,
política), na verdade, é a Torá que sustenta todos os outros sistemas.
O Estudo de Torá como uma Perpetuação da Revelação no
Monte Sinai
No Monte Sinai,
Deus Se revelou para todo o povo judeu (aproximadamente 2,5 milhões de pessoas)
e deu para eles a Torá. Deus “fala” conosco através da Torá. Cada vez que um
judeu aprende Torá, ele está revivendo esta conexão com Deus.
1. Devarim 4:9-10 – A Torá ordena que nós nos lembremos do episódio no
Sinai eternamente.
Cuide-se e
proteja-se muito para que tu não esqueças o que os teus olhos viram [no Sinai]
e que eles não saiam da tua consciência durante todos os dias da tua vida e
ensine-os para os teus filhos e para os filhos dos teus filhos [o que ocorreu
no] dia que tu estiveste diante de Deus no Sinai.
2. Zohar, Chukat
159b – Em qualquer ponto da história, os judeus podem voltar ao momento no
Monte Sinai ao estudarem Torá.
Quem se absorve no estudo de Torá é
considerado como se estivesse no Monte Sinai a cada dia, recebendo a Torá.
3. Talmud Bavli, Brachot 21b – Cada ato de estudo de Torá é um
desdobramento da Revelação no Sinai.
O Rabino Iohoshua
ben Levi ensinou: “Quem ensina ao seu filho Torá é considerado como se tivesse
recebido a Torá do Monte Sinai. Nós aprendemos isto dos versículos acima, pois
está escrito: ‘Ensine-os aos teus filhos e aos filhos dos teus filhos’ e
imediatamente em seguida está escrito: ‘O dia que tu estiveste diante de Deus
no Sinai.’” [A justaposição dos conceitos de ensinar para o filho e de estar no
Monte Sinai nos ensinam que eles estão conectados.]
4. Rabino Chaim
Volozhin, Nefesh HaChaim 4:14 – Cada palavra de estudo de Torá pronunciada foi
profetizada na Torá que Deus deu a Moshe (Moisés) no Sinai.
Toda [a Torá]
está [incluída na] palavra de Deus a Moshe no Sinai, [incluindo] a pergunta que
um aluno jovem em algum momento perguntará para o seu professor. Quem se ocupa
[com o estudo de Torá], cada palavra [que ele diz] é como se Deus pronunciasse
isto da Sua boca, por assim dizer, e é considerado como se ele tivesse acabado
de recebê-la agora da boca de Deus no Monte Sinai.
- No Monte Sinai, Deus deu a todo o povo judeu a Torá. Cada vez que nós estudamos Torá, nós estamos revivendo e imortalizando este momento impressionante no Monte Sinai.
- Cada palavra de Torá que foi alguma vez pronunciada foi profetizada por Deus no Monte Sinai.
- Quando alguém se ocupa do estudo de Torá, é como se ele tivesse acabado de receber esta Torá de Deus no Monte Sinai. Desta forma, o evento impressionante no Monte Sinai não é só um evento remoto, uma recordação distante do passado, mas ele tem vida e é renovado cada vez que nós estudamos Torá.
O Estudo de
Torá: A Base da Vida Judaica
“… O estudo de Torá para um leigo não o
promove na sua carreira ou faz aumentar a sua renda. Mesmo os Rabinos ou os
estudantes geniais continuam estudando durante todas as suas vidas. Por que não
é suficiente ‘se qualificar’ e depois parar de estudar? Por que a Torá coloca
tanta ênfase no mandamento de estudar ininterruptamente?
A explicação mais simples e óbvia é o
aspecto prático de estudar Torá para observar adequadamente a lei da Torá. No
entanto, é evidente que a obrigação vai muito além de saber a aplicação prática
da lei judaica. Nós estudamos as leis que são relevantes, bem como aquelas que
não têm aplicação direta hoje em dia, como as leis do Templo. Nós estudamos a
origem e as fontes das leis. Nós inclusive estudamos opiniões que não são
aceitas como a palavra final da lei. Nós estudamos filosofia, misticismo e o
texto da Torá. De acordo com o
ponto de vista judaico, o propósito da existência é para os seres humanos
criarem um relacionamento com Deus. Para que um relacionamento seja
significativo e próximo, os dois lados devem ser compatíveis. Nós criamos esta
compatibilidade com Deus imitando as Suas ações e características. Através da
realização dos mandamentos da Torá, nós aprendemos a agir como Deus age. Ao
aprimorar as nossas características, nós nos tornamos similares a Deus no
âmbito do Seu caráter… No entanto, compatibilidade total somente pode ser
alcançada quando o intelecto também é desenvolvido adequadamente, quando nós
aprendemos a pensar como Deus” (Rabino Mordechai Becher, Gateway to Judaism
(Portão do Judaísmo, p.411-412).
Sabendo Como Viver
como um Judeu
Um judeu tem responsabilidades consigo
mesmo, com a sua comunidade e com Deus. Há diferentes mitzvot voltadas para
cada uma destas responsabilidades. Aprender Torá e estudar sobre estas mitzvot
nos permite colocar em prática estas responsabilidades.
1. Devarim
5:1 – Observância adequada das mitzvot só é possível através de um estudo de
Torá rigoroso e sério.
Moshe chamou todo Israel e disse para
eles: “Escute, Israel, as leis e decretos que eu estou falando com vocês hoje. Estudem-nos
e cuidem do seu cumprimento.”
2. Rambam, Hilchot Talmud Torá (Leis do Estudo de Torá) 3:3 – O estudo de
Torá é a mitzvá mais importante porque ela nos ensina como agir.
Não há uma mitzvá
que é como a mitzvá do estudo de Torá. O estudo de Torá é equivalente a todas
as mitzvot juntas. A razão para isto é que o estudo leva à prática.
3. Ramchal (Rabino
Moshe Chaim Luzzatto), Derech Hashem (O Caminho de Deus) 4:2:1 – Sem estudo de
Torá, a pessoa não saberia como agir.
O estudo de Torá
é uma necessidade evidente. Sem ele, é impossível servir a Deus, pois se a
pessoa não sabe o que ela deve fazer, como ela pode fazê-lo?
O objetivo do estudo de Torá é agir
corretamente, mas é impossível agir corretamente sem o estudo profundo de Torá.
Os dois são inseparáveis. Uma mitzvá é uma concretização da Torá. Ela expressa
e mantém a sabedoria que nós absorvemos através do estudo de Torá.
4. Rabino Chaim de Volozhin, Nefesh HaChaim, 4:30 – Estudar Torá deve ser
feito junto com o cumprimento de mitzvot.
Esta ideia pode
ser percebida no versículo: “Pois uma mitzvá é uma vela, e a Torá é a luz.” Uma
vela não é uma luz independente. Ela simplesmente serve como uma forma de
manter e expressar a luz que vem do fogo. A mitzvá é a vela que mantém a chama
da Torá… Por outro lado, somente estudar Torá sem cumprir mitzvot também não
tem valor, pois a luz da Torá não terá nada para segurá-la, assim como uma
chama não pode existir sem um pavio...
A halachá, a
lei judaica, traduz os ideais da Torá em um comportamento concreto.
5. Rabino Joseph B. Soloveitchik, Halakhic Man (O Homem Haláchico), A
Sociedade de Publicação Judaica dos Estados Unidos, Filadélfia, 1983, p. 19 – A
halachá é o padrão ideal que a realidade deve ser medida.
Quando o homem haláchico [aquele que segue a lei
judaica] entra em contato a realidade, ele vem com a sua Torá, dada a ele no
Monte Sinai, na mão… A sua abordagem começa com uma criação mental e conclui
com uma criação real… A essência da
halachá, que foi recebida de Deus, consiste em criar um mundo ideal e
reconhecer o relacionamento entre o mundo ideal e o nosso ambiente concreto em
todas as suas manifestações visíveis e estruturas latentes. Não há fenômeno,
entidade ou objeto neste mundo concreto que a halachá [preexistente] não aborda
com o seu padrão ideal.
Entendendo a Lógica Por
Trás das Mitzvot
É possível ser “orientado” sobre como
agir. Sem o estudo de Torá, no entanto, as nossas ações seriam vazias. Quando
apoiadas pelo entendimento proveniente do estudo profundo de Torá, as nossas
ações tomam uma nova dimensão. As mitzvot se tornam vívidas e com propósito.
1. Rambam, Hilchot
Meila 8:8 – É importante entender a lógica
por trás dos mandamentos.
É adequado que a pessoa reflita sobre
as leis da Torá sagrada e saiba os seus objetivos da melhor forma possível.
2. Vilna Gaon, Mishlei 19:2 – Sem entender os mandamentos, a pessoa perde o
incentivo de observá-los.
“Não ter
sabedoria não é bom para a alma” – isto significa que se uma pessoa só faz
mitzvot sem as acompanhar de estudo de Torá, isto não será bom para a sua alma.
Isto é chamado de fazer mitzvot de forma que “não ter sabedoria não é bom para
a alma.” A sua alma não terá prazer em fazer mitzvot, já que ele não conhece a
sua lógica e as faz sem entusiasmo.
3. Rabino David of Karlin, prefácio a Piskei Halachot – Estudar ajuda a
alcançar uma compreensão intrínseca do que a pessoa está fazendo.
Sem estudar [Torá], é impossível chegar ao
cumprimento das mitzvot sem uma compreensão intrínseca e um reconhecimento
autêntico do que a pessoa está fazendo.
Criando um Relacionamento com Deus
Estudar Torá nos permite alcançar o
objetivo essencial da nossa existência – criar um relacionamento com Deus. Nós
aprendemos sobre Deus o quanto é humanamente possível para que nós possamos nos
conectar com Ele.
1. Devarim 6:5-6 – A fonte do mandamento de estudar Torá.
Amarás o Eterno,
o teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma e com todos os teus
recursos. E estas palavras que Eu estou te ensinando hoje devem estar no teu
coração.
2. Rashi, ib. – Estudar Torá é a forma de conhecer Deus.
[O segundo
versículo é uma explicação do primeiro:] O que significa “amar Deus”? “Que
estas palavras que eu estou te ensinando hoje estejam no teu coração,” pois, ao
fazê-lo [ou seja, estudando Torá] você conhece Deus e segue os Seus caminhos.
3. Rabino Avigdor Miller, Shaarei Ora, p. 37 – O propósito do estudo de
Torá é para nos ajudar a entender Deus (o quanto for humanamente possível).
A Torá nos pede que nós
emulemos a Deus. Parte desta obrigação é modelar a nossa própria mente e
intelecto conforme os pensamentos de Deus. Esta é uma razão para a importância
de estudar e se aprofundar na Torá – como um esforço para entender a Vontade de
Deus e fazer a nossa própria vontade refletir a Dele. Quando alguém realiza
isto, mesmo as suas reações naturais refletirão a Vontade de Deus. O que Deus
ama, ele ama. O que Deus odeia, ele odeia. O que é repulsivo para Deus, também
é repulsivo para ele.
4. Ramchal, Derech Hashem 4:2:2 – Ao estudarmos Torá, nós nos conectamos
com uma realidade espiritual que é o que há de mais próximo possível da
essência de Deus.
Entre as
emanações que Deus emite sobre as Suas criaturas, há uma emanação que está em
um nível mais alto do que as outras. Esta emanação é o que há de mais próximo
possível da essência do Próprio Deus e da Sua grandeza e esplendor. É através
desta emanação que ele concede a Sua honra sobre as suas criaturas. Deus
associou esta emanação com algo que Ele criou claramente para este propósito, e
isto é a Torá.
O que significa se tornar mais próximo
de Deus?
5. Ib. 1:4:9 – Deus
compôs um texto que tem a capacidade de nos aproximar Dele quando ele é
estudado adequadamente.
Entre os meios que Deus nos concedeu
para nos aproximarmos Dele, há um que é mais elevado do que todo o resto. Este
meio é o estudo de Torá. Ele consiste em duas partes: a primeira é ler e
entender a Torá e a segunda é compreender a Torá com mais profundidade. Com a
Sua bondade, Deus compôs um texto de acordo com a Sua sabedoria, que Ele nos
presenteou. Esta é a Torá (ou seja, os Cinco Livros de Moisés), bem como os
livros dos profetas que a seguiram. Estes textos possuem uma característica
especial, ou seja, quando a pessoa os lê com santidade e pureza e com a
intenção adequada – para cumprir a Vontade de Deus – ela será imbuída com uma
grande elevação e um grande nível de perfeição. Da mesma forma, quando a pessoa
se empenha para entender o conteúdo destes livros, bem como acompanhar as
explicações que Deus nos apresentou, ela alcançará um nível de perfeição após o
outro.
Todos estes recursos que Deus nos deu
para nos aproximarmos Dele proporcionam não só a quem os utiliza grandeza, mas
afetam todo o universo. Todo o mundo é elevado através dos esforços da pessoa.
E isto ocorre especialmente em relação ao estudo de Torá.
- Estudar Torá nos permite cumprir mitzvot. Ainda assim, nós também devemos entender a lógica por trás delas. Do contrário, inevitavelmente nós só cumpriríamos as mitzvot mecanicamente.
- Embora o propósito do estudo de Torá seja para cumprir as mitzvot, nós também estudamos sobre as mitzvot que não são aplicáveis hoje em dia (por exemplo, as leis de tzaarat, as leis relativas ao serviço do Templo, etc.) porque o estudo de Torá tem valor por si mesmo.
A pessoa
nunca “se forma” no estudo de Torá porque ela se constitui em um processo
contínuo de se aproximar de Deus. E porque Deus é Infinito, quantidade alguma
de Torá nunca será suficiente. Portanto, o estudo de Torá é uma missão contínua,
para toda a vida.
Educando a Si Mesmo
(ou A Arte de se Tornar um Mensch)
No mundo de hoje, “educação” se trata
de adquirir conhecimento necessário para ganhar sustento ou promover uma
carreira. Graduar-se “com honras” significa que o aluno atingiu um desempenho
acadêmico alto. Não há existe um plano de estudos voltado para a formação de um
bom caráter e uma conduta moral.
No pensamento judaico, no entanto,
sucesso acadêmico é secundário ao crescimento pessoal e desenvolvimento moral.
Nós não aspiramos estudar somente pelo desenvolvimento intelectual ou para
promover as nossas carreiras, mas com o propósito de nos tornarmos pessoas
melhores. Infelizmente, é muito comum encontrar pessoas com uma grande
capacidade intelectual que fazem concessões morais. Neste ambiente intelectual,
não é de se surpreender que hajam pessoas que buscam honestidade, integridade e
um sensibilidade interna voltada para significado e propósito.
O estudo de Torá é completamente
diferente. Desde jovens, as crianças são educadas para incorporar o que elas
aprendem no dia-a-dia das suas vidas. Ao invés de assumir a postura de “faça o
que eu digo e não o que eu faço” tão predominante no pensamento secular, no
Judaísmo, pensamento e ação são inseparáveis.
Se o progresso de uma criança é
acompanhado em ortografia e aritmética, mas não na construção do seu caráter,
ela chega a conclusão que somente os primeiros são importantes. Portanto, a
educação de Torá inclui educação para a vida em geral, amizades, casamento, em
resumo, para tudo, pois a Torá é tudo” (Rabino Dr. Akiva Tatz, Anatomy of a
Search (Anatomia de uma Busca), p. 35-36).
1. Bereshit 5:1 –
Todo mundo quer ser uma pessoa autêntica. A Torá nos mostra como.
Este é o livro dos anais do homem.
2. Ramban (Nachmânides), ib. – Toda a Torá é uma descrição de como os seres
humanos devem se desenvolver.
Segundo o meu ponto de vista, toda a Torá está
aludida neste versículo porque toda a Torá se trata dos anais do homem.
3. Rabino Elazar Menachem Man Shach, Machshevet Mussar, p.
99 – O homem é um ser complexo que deve almejar se cercar de todos os valores
da Torá.
A Torá nos dá uma descrição do que é a
imagem real da humanidade, de quem merece receber o título de “homem”. O “homem”
é o maior título que alguém pode receber! Como nos tornamos merecedores deste
título? “Este é o livro de história do homem!”
Um ser humano completo é o que abarca
todas as mitzvot, todas as qualidades e todos os valores que a Torá ensina.
O Rabino Zev Leff conta que um
professor de filosofia uma vez foi trazido diante do comitê de ética da
universidade por fazer concessões desonrosas na sua vida pessoal com um dos
seus alunos. Quando foi questionado como um professor de filosofia poderia
ensinar uma coisa na sua aula e se comportar de forma diferente na sua vida
privada, ele respondeu: “O professor de matemática leva o seu triângulo para
casa à noite?” Em contraste nítido, o estudo de Torá não é uma atividade
“acadêmica”. Não há separação entre o que a pessoa estuda e o que ela se
empenha em praticar. O objetivo é estudar para integrar as ideias e ideais da
Torá no nosso ser para aprimorar o nosso caráter.
4. Ib. p. 101 –
Tudo na Torá é relevante para as nossas vidas.
Cada versículo,
cada tema na Torá é para ensinar algo. Mesmo algo que não está incluído como um
mandamento – “Faça ou não faça tal e tal” – está lá para ensinar algo. A Torá é
chamada de “Torat Chaim”, a Torá da vida. Isto significa que não há prazer
maior do que quando a pessoa é capaz de estudar uma parte da Torá e ver que ela
é relevante, que ela faz sentido… Há tanta perversidade no mundo – roubo,
assassinato e todo tipo de comportamento corrupto. A Torá, por outro lado, é a
Torá da vida. Ela ensina o homem a viver corretamente.
Como o Rambam
escreve em Hilchot Teshuvá 5:2, cada pessoa tem o potencial de se tornar tão
íntegra quanto Moshe Rabeinu. Os nossos líderes de Torá são os nossos modelos
exemplares na nossa busca pela grandeza.
5. Rabino Shlomo Wolbe, Alei Shur, vol. I, p. 57 – Modelos
exemplares judeus se destacam tanto em estudo de Torá, quanto em crescimento
pessoal.
Uma harmonia
maravilhosa entre a sabedoria e a ação, conhecimento e atos caracteriza todos
os grandes Sábios do povo judeu até hoje em dia… O sinal eterno que a Presença
Divina está no povo judeu é a existência de pessoas grandes [gdolei Isroel]
em cada geração, pessoas que alcançaram altos níveis de excelência em Torá e
atos… Esta combinação maravilhosa de genialidade com integridade é uma marca de
distinção dos gdolei Isroel. Paralelamente aos seus legados intelectuais
– como a sua abordagem especial ao estudo de Torá e os regulamentos em questões
da lei judaica, nós podemos ver os seus legados éticos. Cada um deles
enriqueceram o povo judeu com uma nova abordagem de servir a Deus.
O que segue são alguns exemplos:
O Rabino Shlomo Zalman Auerbach, que viveu em Jerusalém
até a sua morte, em 1995, era visto como a principal autoridade do seu tempo em
assuntos relacionados a lei judaica.
6. Nisson Wolpin, Torah
Lives (A Torá Vive), p. 38 – A bondade do Rabino Shlomo Zalman Auerbach.
Durante o
[período de luto] depois da sua morte, uma nova dimensão do [Rabino Auerbach]
foi revelada, envolvendo milhares de histórias pessoais de tzdaká e chessed
desconhecidas até então. Ele casou inúmeros órfãos e pagou para as
comemorações dos seus casamentos. Ele sustentou financeira e moralmente muitas
viúvas jovens… Os jornais religiosos estavam cheios de relatos incríveis da sua
ajuda a pobres, senhores e doentes… Todos estes atos de bondade eram parte do
seu empenho em Torá, um sentimento de obrigação, como um homem que cada
pensamento era influenciado pela halachá.
Outro grandioso sábio
de Talmud e halachá era o Rabino Moshe Feinstein, que faleceu em 1986. A
seguinte história ilustra a sua humildade:
As velas de
Shabat são acesas consideravelmente antes do Shabat começar e, embora a mulher
que acendeu velas deve começar a observar as leis de Shabat imediatamente, o
mesmo não se aplica em relação aos homens. O Rabino Feinstein viajava uma
distância de cinco minutos entre a sua casa e a sinagoga de carro um pouco
antes do início do Shabat. Isto não agradou a um dos residentes locais, que
enviou uma carta “explicando” ao maior perito em halachá da geração que o que
ele estava fazendo era inadequado. Ao invés de colocar este homem atrevido no
seu lugar, o Rabino Feinstein o agradeceu e decidiu seguir o seu conselho, a
despeito do fato que a halachá o favorecia. Veja abaixo a resposta do
Rabino Feinstein.
7. Rabino Moshe Feinstein, Igros Moshe, Orach Chaim 1:96 – A humildade do
Rabino Moshe Feinstein.
Eu estou feliz
que você aproveitou a oportunidade para cumprir a mitzvá de criticar. Deus me
livre que eu estaria chateado com você! Com a ajuda de Deus, eu não viajarei
mais de carro após o tempo de acendimento de velas [antes de Shabat], embora
não haja nem mesmo um indício de uma proibição envolvida nisto…
8. Rabino Akiva
Tatz, Anatomy of a Search (A Anatomia de uma Busca), p. 38 – A consideração do
Rabino Moshe Feinstein.
O Rabino Moshe Feinstein estava sendo
acompanhado em uma determinada ocasião, quando, depois de lhe ajudarem a entrar
no carro, ele pediu que o motorista não continuasse. Depois de um longo
intervalo, quando a pessoa que o ajudou não estava mais à vista, o Rabino
Feinstein abriu a porta do carro e retirou a sua mão que estava presa na porta
e os seus dedos foram esmagados. O motorista impressionado perguntou: “Rebe,
por que você não gritou?” Ele não exprimiu nenhum som. O Rav Feinstein
respondeu: “Eu não quis envergonhar a pessoa que fechou a porta na minha mão.”
- A Torá retrata o mundo ideal. Estudando Torá, nós aprendemos como elevar as nossas vidas aos ideais da Torá.
- Estudar Torá e trabalhar para aprimorar o nosso caráter complementam um ao outro. Os líderes judeus ao longo das gerações eram conhecidos tanto pela sua excelência no estudo de Torá, quanto pelas suas qualidades notáveis.
Todos Podem Estudar
Torá?
Podemos pensar que o estudo de Torá é
somente para judeus intelectuais. Na verdade, não é assim. Todos os judeus desfrutam
da mitzvá de se dedicar ao estudo de Torá, independente da sua inteligência ou
conhecimentos de Hebraico. No entanto, há recomendações para aumentar ao máximo
o sucesso no estudo de Torá.
O Estudo de Torá é
para Todos
1. Rambam, Hilchot Talmud Torá 1:8 – O estudo de Torá é o
dever de todos.
Cada judeu é
obrigado ao estudo de Torá, seja pobre ou rico, seja saudável ou sofredor, seja
jovem ou muito idoso e fraco. Mesmo se ele for tão pobre a ponto dele estar
vivendo de caridade e pedindo esmola de porta em porta, mesmo se ele precisar
sustentar a sua esposa e filhos, ele é obrigado a reservar um tempo a cada dia
e a cada noite para o estudo de Torá.
2. Ib. 1:9 – Os grandes Sábios de Torá eram oriundos de
condições sociais diferentes.
Entre os grandes Sábios de Israel,
haviam cortadores de lenha, carregadores de água e alguns que eram cegos. No
entanto, eles se ocupavam com o estudo da Torá dia e noite, e eles formaram
parte da cadeia de transmissão da Torá, de um a um até chegar a Moshe Rabeinu.
Mesmo em uma época
quando o analfabetismo era desmedido pelo mundo afora, os judeus colocavam uma
ênfase em educar a todos.
3. Beryl Smalley, Study of the Bible in the Middle Ages (Estudo da Bíblia
na Idade Média), Editora Universidade de Notre Dame, Notre Dame, Indiana, 1970,
p. 78 – Um monge do século XII observou:
(…) os judeus, por diligência em
relação a Deus e amor pela lei, colocam os filhos que eles têm para estudar
literatura, para que cada um possa entender a lei Divina… Um judeu, por mais
que ele seja pobre, se ele tivesse dez filhos, ele mandaria todos eles
estudarem literatura, não pelos seus benefícios, mas para a compreensão da lei
de Deus, e não só os seus filhos, mas as suas filhas também.
O Estudo de Torá
Não é Só para Intelectuais
1. Pirkei Avot 6:2
– Todos se beneficiam do estudo de Torá.
Qualquer pessoa
que estuda Torá se torna elevada.
2. Tiferet Israel, ib. – O estudo de
Torá não é só para gênios, é para todo judeu.
“Qualquer pessoa que estuda Torá se
torna elevada” – a pessoa pode pensar que ela somente pode conseguir a coroa da
Torá se ela tem uma cabeça boa. Portanto, os sábios ensinam: “Qualquer pessoa
que estuda Torá se torna elevada.” Qualquer
pessoa! Mesmo alguém que não é tão
inteligente.
3. Midrash Rabá, Shemot 5 – Deus falou – e fala – com cada um no seu próprio nível.
A voz de Deus [na revelação no Monte
Sinai] foi escutada por cada indivíduo de acordo com a sua capacidade. Os
idosos de acordo com a sua capacidade, os rapazes jovens de acordo com a sua capacidade,
as crianças de acordo com a sua capacidade, os bebês de acordo com a sua
capacidade, as mulheres de acordo com a sua capacidade e inclusive Moshe de
acordo com a sua capacidade… Todos receberam a transmissão Divina de acordo com
a sua capacidade.
4. Rezas Diárias,
Sidur da ArtScroll, p. 119 – Todo judeu possui a sua “porção” no entendimento
da Torá.
Dê-nos a nossa
porção na Tua Torá…
Recomendações Para
Ser Bem-Sucedido no Estudo de Torá
Como cada pessoa pode aumentar ao
máximo a sua capacidade de ter êxito no estudo de Torá? Há quarenta e oito
atributos que permitem que a pessoa estude Torá de forma efetiva. No geral,
como tudo que é significativo na vida, quanto mais nós nos empenhamos para
estudar Torá, mais nós nos beneficiamos. Além disto, assim como nós pedimos que
Deus nos conceda as nossas necessidades – saúde, prosperidade, paz, etc. – nós
também rezamos para que Ele nos permita estudar e entender a Torá.
1. Pirkei
Avot 6:6 – Há quarenta e oito maneiras através das quais a Torá é adquirida.
A Torá é adquirida através de quarenta e oito atributos, que são: estudo,
escuta atenta, pronunciar o estudo em voz alta, compreensão intuitiva,
discernimento, temor dos professores, temor do Céu, humildade, alegria, pureza,
servir os sábios, estar próximo de alunos, discussão com alunos, tranquilidade,
conhecimento do Tanach, conhecimento da Mishná, moderação em atividades de
negócio, moderação em atividades mundanas, moderação em prazeres físicos,
moderação no sono, moderação na fala, moderação nas festividades, demora para
se encolerizar, ter um bom coração, fé nos Sábios, aceitar os sofrimentos,
saber o seu lugar, estar feliz com o que se tem, fazer uma cerca ao redor das
suas palavras, não se gabar, fazer-se ser amado pelos outros, amar a Deus, amar
às Suas criaturas, amar a integridade, amar a justiça, amar corrigir os seus
erros, distanciar-se da honra, não ser arrogante sobre a sua sabedoria, não
gostar de tomar decisões haláchicas,
compartilhar os problemas dos outros, julgar os outros para o bem, colocá-los
no caminho da verdade, colocá-los no caminho da paz, ensinar tranquilamente,
perguntar e responder, ouvir e acrescentar insights, estudar para
ensinar, estudar para cumprir as mitzvot, tornar o seu professor mais sábio,
refletir sobre as lições e repetir uma ideia no nome da pessoa que a disse
primeiro. Pois nós aprendemos que quem repete uma ideia no nome de quem a
originou traz o resgate para o mundo; e está escrito na Meguilá: “E Esther
disse ao Rei em nome de Mordechai” (Esther 2:22).
Ao fazer um sium, na reza dita
sobre o término um tratado do Talmud, nós recitamos: Nós nos empenhamos, e
eles (os não judeus) se empenham. Nós nos empenhamos e recebemos recompensa, e
eles se empenham e não recebem recompensa. O Chofetz Chaim pergunta: O que
significa que eles não recebem recompensa? Se um alfaiate costura um termo para
um cliente, ele não recebe pagamento pelo seu trabalho? O Chofetz Chaim explica
o seguinte: É verdade que um alfaiate é pago pelo terno que ele faz. Mas se ele
não cai bem no cliente, ele não é pago. Considerando o estudo de Torá, a
recompensa não é pelo produto final, mas pelo esforço. Independente de
se um indivíduo entende a Torá que ele estuda ou não, ele é recompensado no Céu
pelo esforço.
2. Pirkei Avot 5:23
– A recompensa pelo estudo de Torá é de acordo com o esforço da pessoa, e não
de acordo com o resultado.
A recompensa é de acordo com o
esforço.
3. Rabino Ovadia de Bartenura, 5:23
– Quanto maior o esforço despendido no estudo de Torá, maior a recompensa.
A recompensa pelo estudo de Torá é proporcional a dificuldade que a pessoa
teve.
4. Ib. 2:16 – A Torá é infinita. Por mais nós pensamos que nós a dominamos,
sempre mais há para aprender.
Não cabe a você
terminar o trabalho. Mas você não tem o direito de escapar dele.
5. Talmud Bavli, Nidá 70b – A pessoa deve rezar para Deus, pedindo ajuda
para entender a Sua sabedoria sagrada.
O que a pessoa
deve fazer para se tornar sábia [à parte de estudar Torá]? Ela deve pedir
piedade Dele, Que é Dono da sabedoria, como está escrito: “Pois Deus concede
sabedoria. Da Sua boca, vem o conhecimento e o entendimento.”
Um exemplo lindo
deste pedido é encontrado na reza que nós recitamos toda manhã.
6. Rezas matinais diárias, Sidur da ArtScroll, p. 89 – A reza diária
pedindo que Deus nos ajude a entender a Sua Torá.
Nosso pai, nosso
pai misericordioso – tenha piedade de nós, deixe que os nossos corações
entendam, esclareçam, escutem, aprendam, ensinem, guardem, façam e cumpram
todas as palavras de ensinamento da Sua Torá com amor.
- O estudo de Torá não é só para intelectuais, ele é para cada judeu, cada um no seu próprio nível. A Torá tem o que ensinar para cada um de nós, nos dando orientação e diretrizes, independente de que situações nós nos encontremos. O que conta não é quão inteligentes ou instruídos nós somos, mas o quanto nós nos empenhamos no nosso estudo de Torá.
- Os gdolei Isroel são oriundos de diversas condições sociais, profissões e situações econômicas.
- Há quarenta e oito qualidades que permitem que a pessoa estude Torá de forma eficaz.
- Em geral, como em tudo significativo na vida, quanto mais a pessoa se empenha no estudo de Torá, mais ela se beneficia.
Assim como nós pedimos que Deus nos
conceda as nossas necessidades – saúde, prosperidade, paz, etc. – nós também
rezamos para que Ele nos permita estudar e entender a Torá.
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